As mitocôndrias na sinapse têm um papel fundamental na libertação de neurotransmissores, mas quase nada se sabe sobre a composição das mitocôndrias sinápticas ou sobre as suas funções específicas. As mitocôndrias sinápticas, em comparação com as mitocôndrias de outras células, têm de lidar com uma maior carga de cálcio, mais stress oxidativo e elevadas exigências de produção de energia durante a atividade sináptica. O nosso objetivo é descobrir como é que as mitocôndrias sinápticas aprenderam a adaptar-se a este ambiente e como é que a perturbação destes mecanismos adquiridos contribui para a neurodegeneração.
Mais intrigante é a questão de saber como é que as mitocôndrias detectam o seu estado de insalubridade e decidem se a sua falha deve levar à remoção do organelo ou à eliminação de todo o neurónio através da morte celular. Prevemos que estas decisões não só estejam operacionais durante a doença, mas que possam constituir um mecanismo fundamental relevante para a manutenção da atividade sináptica e para o estabelecimento de novas sinapses. Pretendemos identificar os principais intervenientes nas vias de regulação propostas envolvidas no controlo de qualidade intrínseco das mitocôndrias.
A disfunção mitocondrial tem sido implicada em várias doenças neurodegenerativas, nomeadamente na doença de Parkinson. O nosso trabalho irá desvendar as propriedades específicas das mitocôndrias sinápticas e fornecer uma visão muito necessária do seu hipotético papel predominante na neurodegeneração.